quinta-feira, 13 de março de 2014

Atitudes para ser bem sucedido

'O maior orador do mundo é o sucesso'. (Napoleão Bonaparte)


Baseado na história de Neemias 

Neemias, significa "confortado por Deus", é uma personagem bíblica, sendo uma figura importante na história pós-exilo dos judeus. 

Era filho de Hacalias e provavelmente pertencia à tribo de Judá e os seus ancestrais residiam em Jerusalém antes de seu serviço na Pérsia. Nada se sabe do seu pai, por isso se conclui que ele tenha sido levado cativo quando Jerusalém caiu nas mãos dos babilónios. É provável que Neemias tenha nascido no cativeiro e foi cercado por todas as influências corruptas do antigo Oriente. 

Fez erigir os muros de Jerusalém em 52 dias e realizou importantes reformas religiosas exercendo papel fundamental na fixação da lei mosaica.
O livro bíblico que traz seu nome, livro de Neemias, redigido pouco antes dos 300 anos a.C. juntamente com o livro de Crónicas e o livro de Esdras, relata a obra de restauração de Neemias.

Neemias viveu durante o período em que Judá era uma província do Império Persa e havia sido designado copeiro real (provava o vinho e tratava dos aposentos reais) no palácio de Susã, o rei Artaxerxes I (Artaxerxes Longimanus).
Parece ter tido um bom relacionamento como funcionário do rei como evidencia a longa licença que lhe foi concedida durante a restauração de Jerusalém. 

Através de seu irmão Hanani, Neemias ouviu sobre a condição lamentável de Jerusalém, e encheu-se de tristeza, por muitos dias ficou em jejum e luto, orando pelo local do sepulcro dos seus pais. 
Finalmente, o rei percebeu a tristeza na sua expressão, e perguntou-lhe qual o motivo da mesma. Neemias explicou-o ao rei, que lhe concedeu permissão de ir à cidade e agir lá como um governador da Judeia.

Neemias chegou a Jerusalém no 20.º ano do reinado de Artaxerxes I (445/444 a.C.) com um forte apoio que lhe fora fornecido pelo próprio rei, e com cartas para todos os responsáveis das províncias pelas quais passaria, assim como para Asaf, o responsável das florestas reais, ordenando-os a ajudá-lo.

Aquando da sua chegada em Jerusalém, Neemias estudou secretamente a cidade à noite, formando um plano para a restauração dos muros de Jerusalém.
O plano foi executado com tamanha habilidade e ímpeto que todas as suas muralhas teriam sido finalizadas num período assombroso de cinquenta e dois dias.

Vamos ver então alguns comportamentos que fizeram de Neemias bem sucedido na construção dos muros de Jerusalém.

1. Neemias demonstra ser uma pessoa consciente da realidade 

Apesar de estar fora da sua pátria Neemias como judeu, certamente esperava como todos os outros, o cumprimento das promessas de Deus para o retorno do povo à sua terra. Ele esperaria uma noticia das possíveis melhorias de Jerusalém. No entanto, quando Hanani e os outros vieram ter com Neemias, e ele os questionou acerca das condições do povo da cidade de Jerusalém, foi informado da situação de que os que tinham sobrado do exílio estavam em grande necessidade financeira e em exclusão social. 
Os muros da cidade tinham sido destruídos e as portas queimadas. Jerusalém tinha sido destruída pelos Babilónios em 528 a.C. (2 Reis 25:10). 
Apesar das tentativas de reconstruir o muro (Esdras 4:7-16), a cidade ainda estava em ruínas, sem muros para protecção, as pessoas estavam sem defesas, o que facilitava a pilhagem, a perda da posição aos olhos de outras nações e o respeito próprio. Estavam humilhados porque, conforme diziam os seus profetas, os muros de Jerusalém deveriam simbolizar protecção e os seus portais louvor (Isaías 60:18 "Não se ouvirá mais de violência na tua terra, de desolação ou destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação, e as tuas portas Louvor").

Para sermos bem sucedidos precisamos de ter antes consciência da realidade. Temos que ver o todo, ou seja o estado da situação real, a partir daí podemos traçar novos caminhos.

2. Neemias demonstra inteligência emocional

Assim que recebeu a noticia, Neemias emocionou-se e identificou-se com o problema ao ponto de durante vários dias ter orado, jejuado, chorado e se lamentado da situação. No entanto, ele não se deixou trair pela emoção dolorosa que sentia no momento, tendo reagindo à mesma. Apesar de estar triste sabia que isso não resolveria a situação, era necessário uma intervenção divina para mudar a mesma.

Segundo Barber (1982), alguns comentaristas acreditam que o rei Atarxerxes estivesse ausente do palácio na época em que Neemias recebeu a noticia de Hanani. Pela leitura do capitulo 2, parece-nos mais provável que Neemias tivesse continuado nos seus deveres e não tivesse permitido que a sua preocupação interferisse no trabalho. 
Comparando Neemias 1:4 "Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu, ..." e Neemias 2:1-2 "Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, quando o vinho estava posto diante dele, que eu apanhei o vinho e o dei ao rei. Ora, eu nunca estivera triste na sua presença. E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, visto que não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração. Então temi sobremaneira". 

Após a análise dos versículos supra citados, a capacidade de auto-controlo por parte de Neemias é admirável. Ele não se precipitou, reagindo à situação, entendendo que era impotente perante a mesma, pois não podia ir ter com os seus conterrâneos sem permissão do rei. Ele dispôs-se durante quatro meses em oração intensa, esperando  uma direcção de divina. 
Somente após este período é que o rei viu alguma mudança no seu comportamento, ele estava triste, aquando da pergunta do rei, nota-se que Neemias ficou com medo. 
Parece um contracenso, no entanto não podemos nos esquecer que ele estava a falar com o rei da Babilónia, habituado a matar para conquistar e a proteger os seus territórios. O assunto aqui não era um problema sentimental, nem financeiro de Neemias, antes a restauração da força de uma nação outrora conquistada. Neemias sabia que a sua cabeça poderia ficar a prémio a qualquer momento. Ele exaltou o rei “Viva o rei para sempre!” e orou a Deus (provavelmente uma oração interior pedindo a intervenção de Deus e coragem), e expressou as suas preocupações ao rei. Este se identificou com elas e permitiu que ele fosse a Judá durante um período de tempo para a reedificar. 
Aparentemente a cedência do rei parece algo normal, um líder ceder ao seu liderado um tempo para resolver os seus problemas e preocupações, mas não podemos esquecer que o conquistado estava a falar com o conquistador da possibilidade de restruturar os muros e a moral da nação conquistada (imagine solicitar ao seu patrão para conceder um certo tempo para você resolver problemas de uma empresa concorrente. Impensável!) Quem é o conquistador que permite algo assim? Para não dizer que é impossível, vamos considerar que é improvável. No entanto o rei cedeu e Neemias pôde avançar com o seu projecto.

Como podemos observar Neemias foi inteligente emocionalmente, ele conseguiu controlar sobre as suas emoções, lidou conscientemente com elas e com as dos outros, dando-lhes sentido e aproveitando-as eficazmente, não de uma forma isolada mas conjugada com a razão. 
A capacidade de interacção eficaz de Neemias entre a mente (que se ocupa do departamento da razão) e a outra que sente (que se ocupa do departamento da emoção) é notável, nem as pressões exteriores da situação de Judá e do seu povo, o impediram de ser inteligente. Não reagiu à situação, mas sim agiu, foi capaz de lidar com as emoções que lhe provocaram tristeza e choro. 

Foi capaz de trabalhar em equilíbrio entre a emoção e a razão para guiar-se na sua acção. Neemias foi inteligente emocionalmente porque nunca deixou que suas emoções o enganassem, ele preocupou-se em tomar decisões equilibradas entre a sua vontade e a razão, ou seja a vontade de Deus. 

Tome decisões inteligentes, não seja precipitado! Não reaja, mas aja. Não deixe que suas emoções o enganem e o levem pelo caminho errado.

3. Neemias era uma pessoa dependente de Deus 

A vontade dele é que tudo fosse reconstruído, ele também sabia que essa seria a vontade de Deus. Mas quando? De que forma? De que maneira seria? Quais os recursos? 
Ele teve o seu tempo de espera, quatro meses de oração e jejum para ter um sinal de Deus. Não foi precipitado, podendo deixar-se enganar pelas emoções, antes esperou o tempo de Deus e usou a sua fé e intervenção divina.
 
O processo de tomada de decisão que Neemias utilizou, pode e deve ser utilizado em todas as nossas acções. Perante uma situação específica, temos que aprender a sermos inteligentes emocionalmente e saber lidar com as nossas emoções. Não podemos deixar que as emoções nos enganem, mas sim buscar a vontade e o tempo de Deus para agir da maneira mais eficaz e apropriada.

Como pastor tenho observado que mesmo pessoas devotas a Deus, têm a dificuldade de serem inteligentes emocionalmente. Aquando de tomar decisões importantes para a sua vida são, traídas pelas suas emoções, não usam a razão, nem esperam o tempo de certo de Deus. O problema é que quando tomamos uma má decisão por vezes ela irá condicionar todo o nosso futuro, e até pode ser irrevogável.

Tenho como exemplo um casal de namorados da igreja que procuraram o nosso aconselhamento para o seu futuro casamento. Eles diziam-se muito apaixonados, no entanto durante o namoro chegou ao nosso conhecimento que eles se agrediam verbalmente e até fisicamente. Demos o conselho para eles esperarem até verem se era realmente a vontade de Deus, pois com tais acontecimentos em namoro dava para entender o que poderia vir a acontecer no casamento. Eles impulsionados pelas suas emoções decidiram casar e não raciocinaram acerca do conselho de orarem pelo assunto. Resultado, após umas semanas de casamento já se estavam a agredir verbalmente e fisicamente. A consequência após um período de tempo foi o divórcio.

Qual o erro deste casal? Deus não pretendia o melhor para os dois? Sem dúvida que sim. No entanto, eles não tomaram a sua decisão no equilíbrio entre a razão e emoção, a consequência foi uma má decisão deixando-se levar pelas emoções, Eles deveriam ter analisado os factos e esperado a mudança de cada um para depois se poderem casar. Este casal permite entender as consequências de agir somente na base das emoções.

Aprendendo com o exemplo de Neemias podemos concluir que:

1. Para sermos bem sucedidos precisamos de ter antes consciência da realidade. Temos que ver o todo, ou seja o estado da situação real, a partir daí podemos traçar novos caminhos.

2. Devemos tomar decisões inteligentes, não ser precipitado! Não reagir, mas agir. Não deixar que suas emoções o enganem e o levem pelo caminho errado.

3. Não podemos deixar que as emoções nos enganem, mas sim buscar a vontade e o tempo de Deus para agir da maneira mais eficaz e apropriada.

Seja uma pessoa bem sucedida. 


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